segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sobre não seguir a correnteza da moda

Eu sempre achei que eu não era igual a elas e por muito tempo isso me incomodou, hoje não.
Talvez pareça presunção, mas não é, é só alto conhecimento.
Estou falando das meninas, de como as mulheres se comportam, fazem escolhas, tomam atitudes ou se comportam.

Eu sou uma pessoa tranquila, talvez desleixada, porque eu não me importo muito com que ocupa o tempo livre das moças de hoje.
Eu não sou vidrada em esmaltes, maquiagem ou cabeleireiros. Eu não curto nem um pouco maxi colar ou sei lá como chama, acho feio pra caramba qualquer coisa que envolva lantejoilas e sirva como veste fora do carnaval. Talvez eu só tenha ficado no passado e não tenha "evoluído", sinceramente, prefiro assim.
Eu não gosto de acordar e colocar maquiagem na cara, eu não gosto de me sentir igual às 99 pessoas ao meu redor, eu não gosto de sentir tendências que não me agradam, simplesmente porque são tendências.
Isso diz um pouco de quem eu sou, um pouco do meu modo de lidar com situações, com correntezas que a vida nos apresenta.
Isso não quer dizer que eu não navegue, vez por outra, nas tendências da vida. Eu escuto sim músicas do hit parede, eu leio best sellers e ainda gosto, meu problema mesmo é com a moda.
Eu prefiro mesmo usar os vestidinhos que minha avó faz, as batinhas que minha tia me dá e ser feliz, porque, pra mim, ser igual a todo mundo não tem a menor graça.

sábado, 22 de setembro de 2012

Você gosta de.

Você gosta de fazer música
E gosta de ficar muda
Você gosta de beber sem gelo
Eu gosto de ser seu cowboy
Você gosta de rima
E disso eu não gosto
Você gosta de rir
E disso eu também gosto
Você gosta de fazer careta
E disso eu adoro

Você gosta de coisas que eu não entendo
E mesmo assim você gosta de mim

Você gosta de fazer perguntas
E não gosta de ouvir as respostas
Você gosta que eu te cubra
De agosto, setembro e outubro
De chuva, vento e lua
De sombra, você quer ter um filho meu
Você gosta que eu te pegue de costas
E se esconde quando a luz se acende
E mesmo assim você gosta de mim

Marcelo Rubem Paiva

Namore uma garota que lê.


Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera por algo ou alguém na rua. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro. Diga o que realmente pensa sobre Alexandre Dumas. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo de A Menina que Roubava Livros. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Hannah Arendt, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Drummound, e.e.cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa. É que ela tem que arriscar, de alguma forma. Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype. Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Quintana, num sussurro.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.

Rosemary Urquico (adaptado)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Querido Diário

(TÓPICOS PARA UMA SEMANA UTÓPICA)

Segunda-feira:
Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo

Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro

Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas, barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo

Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos

Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas 
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)
Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres

Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas dos metrôs nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe, por favor
Chore sem fazer barulho








Cazuza

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Busca do Ideal


Existem muitos fins diferentes que podem ser buscados pelos homens, fazendo com que estes se sintam plenamente racionais, plenamente realizados, capazes de entendimento, compreensão e iluminação mútuas, da mesma forma que nos iluminamos com a leitura de Platão ou dos romances do Japão medieval - mundos e concepções muito distantes dos nossos. A intercomunicação das culturas no tempo e no espaço só é possível porque aquilo que faz dos homens seres humanos é comum a todos e estabelece uma ponte entre eles. Mas nossos valores são os nossos valores, e os deles são os deles. Somos livres para criticar os valores de outras culturas, condená-los, mas não podemos fingir que não os compreendemos em absoluto ou considerá-los apenas como subjetivos, produtos de criaturas vivendo em circunstâncias diferentes, com gostos diferentes dos nossos, que nada nos têm a dizer. 

Existe um mundo composto de valores objetivos. Refiro-me aos fins buscados pelos homens por eles mesmos, para os quais as outras coisas não passam de meios. Não sou cego em relação àquilo que os gregos valorizavam; seus valores podem não ser os meus, mas posso imaginar o que seria viver à luz deles, posso admirá-los e respeitá-los, e até mesmo imaginar-me vivendo de acordo com eles, embora eu não faça - e não o deseje fazer, além de talvez não o conseguir fazer, mesmo que desejasse. As formas de se viver são diferentes. Os fins, os princípios morais são variados. Mas não infinitamente variados: eles devem se situar nos limites do horizonte humano. Caso contrário, estarão fora da esfera humana. Se me deparo com homens que adoram árvores, não como símbolos de fertilidade ou seres divinos, com poderes misteriosos e vida própria, ou por crescerem em um bosque consagrado a Palas Atena, mas apenas porque são feitas de madeira; e se, ao lhes perguntar por que adoram a madeira, eles respondem: “Por que é madeira”, sem qualquer outra explicação, então não sei o que significa tal adoração. Se forem humanos, não são seres com quem eu possa me comunicar- existe entre nós uma verdadeira barreira. Para mim, eles não são humanos. Nem sequer posso chamar seus valores de subjetivos se não consigo imaginar como seria seguir essa orientação de vida. 

O que fica claro é que os valores podem se entrechocar - é por isso que as civilizações são incompatíveis entre si. Os valores podem ser incompatíveis entre diferentes culturas, entre grupos. Os valores podem facilmente se chocar no interior de um único indivíduo; e, se isso acontecer, não quer dizer que alguns valores são verdadeiros e outros falsos. A justiça, a justiça rigorosa, constitui um valor absoluto para algumas pessoas, mas não é compatível com valores não menos importantes para elas - a misericórdia, a compaixão - como acontece em casos concretos pertencentes à mesma cultura ou entre você e eu . Você acredita que se deve dizer a verdade em qualquer situação; eu não o faço pois acredito que às vezes isso é demasiado doloroso e destrutivo. Não podemos discutir nossos diferentes pontos de vista; podemos chegar a um acordo, mas ao fim e ao cabo o que você busca talvez não seja conciliável com os objetivos a que dediquei. 

Tanto a liberdade quanto a igualdade estão entre os objetivos básicos procurados pelos seres humanos durante muitos séculos; mas a liberdade total para os lobos é a morte dos cordeiros; a liberdade total dos poderosos, dos talentosos, não é compatível com o direito a uma existência decente para os fracos e os menos talentosos. Um artista, a fim de criar uma obra-prima, pode levar um tipo de vida que arrasta sua família para a miséria e a imundice, coisas que são indiferentes para ele. Podemos condená-lo e declarar que a obra-prima deveria ser sacrificada em favor das necessidades humanas; também podemos defender sua posição - mas as duas atitudes supõem valores que para alguns homens e mulheres são os mais importantes, bem como compreensíveis por todos nós se tivermos algum tipo de condescendência, imaginação ou compreensão para com os seres humanos. A igualdade pode exigir a restrição da liberdade daqueles que desejam dominar; a liberdade - sem um mínimo da qual não existe escolha nem, portanto, possibilidade de se permanecer humano, no sentido que atribuímos a essa palavra - está sujeita a restrições a fim de abrir espaço ao bem-estar social, para que o faminto seja alimentado, o destituído seja agasalhado, o sem-teto seja alojado, e abrir espaço à liberdade de outrem, para que possa ser exercida a justiça ou a probidade. 

Antígona defronta-se com um dilema para o qual Sófocles sugere uma solução, Sartre oferece a oposta, enquanto Hegel propõe a “sublimação” em um nível mais elevado - pobre consolo para os que são atormentados por tais dilemas. A espontaneidade, uma maravilhosa qualidade humana, não é compatível com a capacidade de planejamento organizado, de um cálculo correto a respeito de como, até que ponto e onde agir - e disso pode depender em grande parte o bem-estar da sociedade. Todos temos consciência das angustiantes alternativas propostas por um passado recente. Deve o homem resistir a uma tirania monstruosa a qualquer preço, mesmo que isso custe as vidas de seus pais ou filhos? Deve uma criança ser torturada para se obter informações sobre perigosos traidores ou criminosos? 

Esses choques de valores constituem a essência do que eles são e do que nós somos. Se nos dizem que tais contradições serão dissipadas em um mundo perfeito no qual todas as coisas boas podem, em princípio, ser harmonizadas, então devemos responder aos que afirmam isso que o sentido dos termos denotativos dos valores conflitantes não é o mesmo para nós e para eles. Devemos dizer que se encontra totalmente fora de nossa compreensão um mundo no qual não esteja em conflito aquilo que vemos como valores incompatíveis; que os princípios em harmonia nesse outro mundo não são os princípios com que estamos familiarizados em nossa vida diária; se eles se mostram diferentes, é porque foram transformados em concepções por nós desconhecidas neste mundo. Mas é neste mundo que vivemos, e é daqui que devemos crer e agir. 

A noção do todo perfeito, a solução final, em que todas as coisas boas coexistem, não me parece apenas inatingível - isso é um truísmo - mas, conceitualmente incoerente; não sei o que significa uma harmonia desse tipo. Alguns dos Grandes Bens não podem estar em convivência. Essa é uma verdade conceitual. Somos condenados a escolher e cada escolha traz o risco da uma perda irreparável. Felizes os que vivem sob disciplina que aceitam sem questionar, que obedecem espontaneamente às ordens de seus líderes, espirituais ou temporais, cuja palavra aceitam como lei infrangível; igualmente felizes os que, através de seus próprios métodos, chegaram a convicções claras e inabaláveis com relação ao que fazer e o que ser, sem a menor sombra de dúvida. Só posso dizer que os que se instalam nesses confortáveis leitos do dogma são vítimas de uma miopia auto-imposta, antolhos que podem trazer contentamento, mas não a compreensão do que significa a humanidade do ser. 

Isaiah Berlim

terça-feira, 28 de agosto de 2012

19 Coisas que Você Precisa Entender Antes de se Relacionar com Alguém

Muitos relacionamentos estão fadados ao fracasso porque os envolvidos ainda não resolveram questões pessoais antes de dividi-las com outras pessoas. É a velha – porém extremamente sábia – história: impossível ser feliz com alguém se você não faz ideia de como ser feliz sozinho. Quando duas metades cheias de questões mal resolvidas se juntam, os problemas se multiplicam e se fortalecem. Por isso, hoje temos aqui uma lista de fatos sob os quais você precisa ter consciência antes de sair se jogando nos braços de outra pessoa em busca de uma cura indireta para os seus problemas:

1. O universo te dá aquilo que você busca. Se você não sabe o que busca, ele te dará qualquer coisa. E há grandes chances de você não gostar delas.

2. Suas questões internas não podem ser resolvidas com soluções externas. Você possui todas as respostas dentro de você – basta querer ouvi-las.

3. Solidão é algo inevitável. Nascemos sozinhos e morreremos assim também. Se tivermos sorte, acharemos alguns acompanhantes para a viagem – mas eles serão livres pra trocar de rota quando quiserem.

4. Pensar e mexer nas feridas é uma das coisas mais dolorosas da vida, por isso muitas pessoas fogem dessas tarefas. No entanto, só aqueles que enfrentam seus fantasmas conseguem se libertar deles.

5. Se você só acredita no seu potencial quando ouve um elogio de alguém, então há algo errado na sua vida.

6. Pessoas sempre te tentarão convencer de que relacionamentos felizes, sem briga, e com parceria são raridade. Não acredite nelas.

7. O ego é o grande responsável por boa parte das nossas dores. Livre-se dele se puder.

8. Oportunidades existem para todos. No entanto, somente aqueles que andam com a antena ligada conseguem captá-las.

9. Enquanto você viver buscando a perfeição no outro, jamais será feliz pois é impossível encontrá-la.

10. Esteja consciente de cada passo seu. Só quem anda com consciência consegue ver as coisas menos óbvias da vida.

11. Quando você entende que o amor não é permanente, você passa a valorizar mais cada dia pois sabe que ele pode ser o último.

12. Cada pessoa com a qual você cruza na rua tem uma história e seus fardos pessoais. Não as julgue.

13. Só consegue viver uma existência leve, quem consegue praticar o perdão. Perdoar não quer dizer necessariamente dar outra chance, mas sim eliminar a mágoa do seu coração.

14. A duração das coisas é irrelevante. A profundidade é tudo o que importa.

15. Os problemas das nossas vidas são criados pela gente.

16. Abandone a ideia de que tudo tem que se encaixar e que tudo vai ser sempre uma absoluta harmonia. Isso só existe em contos de fada.

17. Ciúme não tem absolutamente nada a ver com amor. Se você não acredita nisso, então provavelmente nunca entendeu o que é amar de verdade.

18. O amor é o grande alimento pra alma. Mas você não precisa necessariamente amar outras pessoas – qualquer forma de amor, direcionada a qualquer ser, é válida.

19. O amor tem que te permitir ser livre. Nunca se contente com menos.

sábado, 25 de agosto de 2012

Canção das Mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo e sua culpa.
Que se eu começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.  
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo "Olha que estou tendo muita paciência com você!".
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária  que se abre pra mim, por mais tola que pareça.
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim, reclamando: "Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!".
Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: "Pôxa, mais um?".
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro- filho, amigo, amante, marido - não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Era Óbvio


Música linda linda da Marisa, que escutei por acaso na minha playlist hoje. Incrível como as respostas sempre estão perto de nós, ao nosso alcance, a gente só não enxerga porque não quer mesmo ver.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mais do Mesmo

Desses vinte anos nenhum foi feito pra mim
E agora você quer que eu fique assim igual a você
É mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui?


O Agosto, o agora

Quando ele a chamou para ir à sua casa, ela já sabia que aquilo tinha 50% de chance de acontecer.
Na verdade, se não fosse ali, logo seria em outro lugar. Por quê? Porque as coisas se encaminhavam pra isso, desde as conversas que haviam tido há um mês, desde a fuga de pijamas e todas as outras coisas que ela conhecia nele. 
Ela se deixou levar, afinal, não é só ele que anda perdido, carente e desajustado no mundo. Além disso, ela já tinha evitado tanto, durante todo o ano passado, durante os outros encontros, durante todos os momentos de fragilidade que dividiram desde o fim, há quatro anos. Chegara a hora de ceder.
O que aconteceu foi que ela se deixou levar pela sedução dele, que não teve muito trabalho, na verdade. Foi abraçando, beijando o ombro, a bochecha, a boca...
E ela beijou sua boca. Beijou e beijou. 
Coisa boa é redescobrir beijo, é como começar de novo, mesmo sabendo que ali, perdido entre línguas, dentes e saliva, alguma coisa é conhecida, algo já te fez bem, mesmo há um bom tempo. 
Coisa boa também é descobrir coisas novas, com pessoas velhas. A barba rala dele arranhava o rosto dela, e depois arranhou o peito, de um jeito muito bom, um jeito quente que fazia com que ela quisesse mantê-lo ali, por perto. Suas penas enroscadas, demonstrando proximidade e mais intimidade do que naqueles quatro "meses oficiais". Ele tinha mãos pacientes nas horas certas e efusivas nas horas mais certas ainda...
Mas o melhor, foi o que veio depois, ela saiu dali com uma consciência amiga, tranquila, sem medo, ligada no presente, não no futuro, e acredite, nem no passado. 
Foi tudo um presente efêmero do agora.

Sentir e falar

Eu sou assim, gosto de falar o que sinto. 
Ficar chorando, escondida, vivendo a melancolia até é uma das minhas práticas,vez por outra, mas transmitir meu sentimento é uma das coisas que acompanha esses momentos. 
Eu sempre disse que não consigo gostar de alguém, ou sofrer por alguém sem que essa pessoa saiba do meu sentimento. Sustento a teoria que se estou sentido, no caso sofrendo, não posso sofrer "pro nada", o mínimo que o dito cujo tem que saber é que me faz aquilo. 
Alguns dizem que isso é uma bobagem, dizem até que é uma fraqueza e talvez seja mesmo, mas é uma das minhas características mais fortes. 
Ruim é quando não consigo fazer isso. 
Nunca pensei que me expressar fosse um problema, sei que muitas vezes meus pensamentos confusos confundem minha fala, mas ainda assim, não gosto de sentir, principalmente de sentir sozinha. 
O problema é quando não consigo falar... 
Estou com raiva e ele não sabe, na verdade, não sei nem se passa na cabeça dele. Ele não me conhece, mas ainda assim acha que "uma força maior" nos liga. Essa força maior não me trás grandes benefícios, na verdade só dificulta o processo. 
Como eu queria ter coragem de dizer tudo o que sinto, o que senti e o que me magoa. Queria magoá-lo como ele fez a mim, queria que minhas palavras doessem nele como as suas ações doem em mim. 
Queria poder dizer tudo que sinto, sem me preocupar com a profundidade que as minhas palavras atingiriam seu coração, queria que "essa força maior" não fosse importante, mas ela é e eu não posso fugir disso. 
Talvez, o que me faça chorar seja a confusão que a raiva, a mágoa e o amor têm nessa relação. 
Eu queria abandoná-lo, assim como ele fez comigo, mas não consigo. 
Não consigo porque sou melhor que ele. Porque cresci sabendo quem não queria me tornar, e porque apesar de tudo que senti e de todas as consequências que tive e ainda tenho que enfrentar eu o amo e me preocupo em não ferir com tanta intensidade seu coração. 
Às vezes, me pergunto por que as relações humanas assinam contrato por nós. Eu os amo, amo os dois de verdade. Todavia, amo mais a ela, claro, afinal, ela consegue silenciar e acho incrível como as pessoas como ela sofrem em silêncio, não as admiro, mas respeito sua força, não tenho coragem de carregar sozinha algo que não foi criado só por mim. 
Que cada um assuma sua responsabilidade nos sentimentos, nas criaturas, na dor. Que eu aprenda a calar em relação a isso tudo, caso eu não tenha coragem de enfrentar meu maior medo ou que eu o enfrente e assuma a responsabilidade da minha escolha e enfim, tire esse azedume do meu peito e assim possa tratar, com efeito, essa dor e abrir espaço aqui por dentro pra novos sentimentos, porque a mágoa é pesada e ocupa espaço demais.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O escritor

Tem gente que é apaixonada por jogador de futebol, cantor ou até um ator de cinema. Tem fã que tatua a cara do indivíduo no corpo, joga calcinha no palco ou ataca ele na rua. Quem nunca sonhou com um Miroslav Close pra dividir o sorvete ou ainda alguém como Ryan Lochte te acompanhando em um passeio pelo shopping, quem nunca quis ter Rafael Nadal falando ao seu ouvido? 

Eu já, apesar de só um desses três ser bom com uma bola nos pés. Também já fui completamente encantada e até prometi em casamento Chris Martin e Frejat. Lógico que já desejei ter sonhos impublicáveis com Jared Padelecki ou/e Jensen Ackles. Acho que isso é completamente normal. 
Mas, porque sempre tem um porém nas minhas histórias, acho que sempre soube dividir bem possibilidade de realidade, quer dizer, teve o caso do Thiago Pereira, mas vou relevar nesse momento... 

Uma coisa interessante nessa história toda é que apesar de ter um chamego com esses homens lindos, eu nunca me vi casada com nenhum deles, nem na vida fictícia. Ao planejar o futuro nunca quis que os pais dos meus filhos fossem atletas lindos ou famosos ídolos. Desde a 6ª série, quero ser esposa de um escritor. 


Já disse mais de uma vez aqui que, pessoas que escrevem bem, ou melhor pessoas que conseguem deixar um pouco de si no que escrevem me encantam muito e isso não é de hoje. Fui alimentando essa história, fantasiando, até o ensino médio. Foi ai que limitei mais ainda a coisa, disse que não bastava ele escrever, ele tinha de ser jornalista! É jornalista, porque era o que eu desejava fazer e era lá que eu queria encontrá-lo, apressadinha, não? 

Mas do mesmo jeito que o jornalismo não veio pra mim, ele também deixou de ser um pré-requisito pro meu escritor. Acho que quando a pessoa escreve bem, ela não precisa ser jornalista, melhor ainda se não for, eu acho, porque leva a escrita por prazer, por atividade da alma, por alimento do intelecto. 

Nunca me apaixonei por nenhum escritor em particular, não consigo. Acho que gosto de cada história de um jeito particular e não pelo modo como seu dono a fez, mas tenho amigos que me deixam imensamente feliz cada vez que me escrevem um recado em papel de bala ou em um guardanapo amassado. 

Me escrevam, me encantem e vamos construir juntos nossa história! :*

domingo, 5 de agosto de 2012

Viver



"É aquela coisa que todo mundo sabe e repete sempre: a vida não é fácil. Crescer não é fácil. A gente acha que uma hora tudo vai se estabilizar e a vida vai ser um comercial de margarina muito bem produzido e que tudo sempre vai dar certo e no fim todo mundo é feliz para sempre.

Não.

É bom que coisas novas aconteçam na vida, porque viver sempre a mesma coisa é chato pra caramba. No meio do caminho, coisas ruins acontecem e é bom todo mundo estar preparado. Acho que ninguém deveria ser criado pra viver um conto de fadas. O mundo não é um conto de fadas. Depois fica um bando de gente louca e traumatizada por aí e ninguém sabe o porquê.

E nem é discurso pessimista nem nada. Só acho que é muito mais legal e desafiador aceitar que a vida é difícil e justamente por isso, viver caçando as coisas boas que fazem tudo valer a pena. Você pode ter uma semana de merda, mas dentro disso, meia hora que te faça ter certeza de que você não poderia estar em outro lugar no mundo. São aqueles pequenos instantes de vida que a gente sabe na hora que vai carregar pra sempre.

E não adianta, sempre vai me doer ver as pessoas transformando tudo em sofrimento sem enxergar o bando de coisas legais que tem pra viver por aí."

Marina Dias

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Meu nome é medo.

"Meu propósito é dominar corações e mentes. Incutir em cada um o medo do outro. Medo de estender a mão, tocar em cumprimento a pele impregnada de bactérias nocivas.
Medo de abrir a porta e receber um intruso ansioso por solidariedade e apoio. Com certeza ele quer arrancar-lhe algum dinheiro ou bem. Pior: quer o seu afeto. Melhor não ceder ao apelo sedutor. Evite o sofrimento, tenha medo de amar.
Quero todos com medo da comunidade, do vizinho, do colega de trabalho. Medo do trânsito caótico, das rodovias assassinas, dos guardas que intimidam e achacam. Medo da rua e do mundo.
Convém trancar-se em casa, fazer-se prisioneiro da fragilidade e da desconfiança. Reforce a segurança das portas com chaves e ferrolhos; cubra as janelas de grades; espalhe alarmes e eletrônicos por todos os cantos.
Faça de seu prédio ou condomínio uma penitenciária de luxo, repleta de controles e vigilantes, e no qual o clima de hostilidade reinante desperte, em cada visitante, uma ojeriza ao prazer da amizade.
Tema o Estado e seus tentáculos burocráticos, os pesados impostos que lhe cobra, as forças policiais e os serviços de informação e espionagem. Quem garante que seu telefone não está grampeado? Suas mensagens eletrônicas não são captadas por terceiros?
O mais prudente é evitar ser transparente, sincero, bem humorado. Sua atitude pode ser interpretada como irreverência ou mesmo ameaça ao sistema.
Fuja de quem não se compara a você em classe, renda, cultura e cor da pele; dos olhos invejosos, da cobiça, do abraço de quem pretende enfiar-lhe a faca pelas costas.
Tenha medo da velhice. Ela é prenúncio da morte. Abomine o crescimento aritmético de sua idade. Jamais empregue o termo "velho”; quando muito, admita "idoso”.
Tema a gordura que lhe estufa as carnes, a ruga a despontar no rosto, a celulite na perna, o fio branco no cabelo. É horrível perder a juventude, a esbeltez, o corpo desejado!
Tenha medo da mais terrível inimiga: a morte. Ela se insinua quando você fica doente. Saiba que ninguém está interessado em sua saúde. Em seu bolso, sim. Basta adoecer para verificar como haverão de humilhá-lo os serviços médicos e os planos de saúde.
Não se mova! Por que viajar, abandonar o conforto doméstico e se arriscar num acidente de ônibus, navio ou avião? Nunca se sabe quando, onde e como os terroristas atacarão. Quem diria que numa bucólica ilha da pacífica Noruega o terror provocaria um genocídio?
Meu nome é medo. Acolha-me em sua vida! Sei que perderá a liberdade, a alegria de viver, o prazer de ser feliz. Mas darei a você o que mais anseia: segurança!
Em meus braços, você estará tão seguro quanto um defunto em seu caixão, a quem ninguém jamais poderá infligir nenhum mal, nem mesmo amedrontá-lo."
Frei Betto
- Tu é um ser muito estranho, sabia?
- Eu? Por quê?
- Porque você consegue ser mais estranho do que eu, mais enigmático do que eu, mais confuso do que eu!
- Ah, não, eu não sou mais confuso que você, não dá!
- Pior que você é, porque você é tão medroso quanto eu! Ou mais...
- Ha ha ha, uma coisa que eu não sou é mais medroso que você!
- Você na verdade, não quer ser, mas é. Você quer ser ousado, mais teme a liberdade. Quer satisfazer todas as suas vontades mas sempre teme a impressão que os outros tem de ti. E principalmente, você tem medo de não se controlar.
- Como assim?
- Você tem medo que eu me apaixone por você, ou pior ainda, você tem medo de se apaixonar por mim!
- Não é isso...
- Eu não preciso que você minta pra mim, já é triste demais vê-lo enganar a si. Vá de uma vez.
E ele se foi, ou ela achou que sim, não conseguiu ouvir seus passos se afastando da porta, parecia que ele estava do outro lado dela, como sempre esteve. Caberia a ela, então, andar na direção oposta a dele?

extremamente, incrivelmente...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dicas para esquecer uma paixão

Engana-se quem acha que pra esquecer alguém existe uma receita pronta, cada um vai levando como pode a dor no peito. Mas isso não significa que você vai ter que viver pra sempre apaixonado por alguém que não te corresponde, a sabedoria popular tem algumas dicas que podem tornar esse caminho "de desintoxicação" mais acessível. 
  1. A primeira coisa a fazer é reconhecer que não faz mais parte da vida dele. Só é possível esquecer se você quiser mesmo esquecer. Lidar com a frustração e aceitar o fim não é fácil, mas é necessário.
  2. Se livre das coisas que fazem você lembra o dito cujo, chega uma hora que a gente não sabe mais o que fazer e pra tentar se livrar dos pensamentos então se livra das lembranças físicas.
  3. Não persiga o infeliz com e-mails, sms, recados, posts, ligações ou qualquer coisa que demonstre que você ainda está na dele, a intenção aqui é esquecer, não é?
  4. Não fique conversando com ele, manter certo afastamento do ex ajuda a recompor o coração partido e ameniza a dor de cotovelo.
  5. Nem pense em ficar stalkeando o cara. Deixe as redes sociais dele bem longe do seu campo de visão. Como você quer esquecer dele se não se afasta?
  6. Pegue aquele seu amigo e coloque tudo que sente pra fora, fale besteiras, chore... Faça o que for preciso pra esvaziar esse peso.
  7. A hora do choro e de sentir falta não pode ser permanente. Invista na sua auto-estima, deixe sua agenda lotada 24horas por dia, assim não terá tempo para pensar em besteiras.
  8. Arrume coisas para fazer leia, veja séries ou filmes, ou crie um blog mimimi e escreva tudo o que te aflige.
  9. Não visualize o tempo que viveu com ele como perdido, mas sim como uma vivência e uma lição de vida.
  10. Saia com seus amigos. Telefone para uma velha amiga para lanchar e reviver velhos momentos.
  11. Pratique exercícios, quando você pratica alguma atividade seu corpo vai produzir enzimas e liberar hormônios que ajudam a tirar o stress e dar uma sensação prazerosa que vai contribuir muito nessa fase.
  12. Não se sinta culpado por não ter dado certo. Pense um pouco na lição que você aprendeu com a situação que passou, sem dúvidas vai ver que o aprendizado custou pouquíssimo e saberá o que fazer e não fazer da próxima vez, a derrota ensina muito mais que a vitória.
  13. Mude suas rotinas. Conheça pessoas novas, vá a lugares diferentes, descubra outros interesses, surpreenda os seus amigos e a si mesma. Se apaixone novamente. Não deixe o medo de sofrer de novo, fazer com que você não olhe mais pra ninguém.
  14. Associe a imagem dele ao desconforto. Toda vez que você pensar nele você deve fazer uma auto punição no seu corpo, como um beliscão, algo que gere desconforto ou dor. Nós sempre temos uma conversa interior que nos aconselha a fazer ou não certas coisas. Esta conversa se chama self talk e fica entre nossos dois ouvidos. Esta conversa sempre procura pelo conforto e pelo prazer. Associando a imagem dele ao desconforto seu cérebro evitará lembranças. É um auto-adestramento.
  15. Muitos dizem que o tempo resolve, que outras paixões fazem a gente esquecer, que o álcool faz a gente deixar pra lá, mas o que realmente dá jeito é acordar. Acordar pro que a gente pode ser. Paixão, ao contrário do que dizem, não passa rápido e machuca bem mais do que um amor impossível. Paixão é carne, é coração, é cabeça, é juízo, é uma coisa que suja a gente toda, depois mesmo que a gente se lave, fica sentindo o cheiro pro resto da vida. Pra esquecer uma paixão a gente tem que acordar, sair da zona de conforto e sofrer, até a última gota de choro, sentir a dor bem sentida, depois que isso acontecer a gente tá pronta pra outra paixão. É isso!

E, se por acaso, você achar todas estas dicas muito batidas e clichê, você pode recorrer ao Remédio para o amor sem remédio do Pe. Antônio Vieira, retirado do Sermão do Mandato.

Existe muito mais a se fazer para esquecer ou uma paixão. Todas as outras coisas são tão difíceis quanto as anteriores. Uma grande paixão deixa marcas profundas. Algumas demoram a cicatrizar. Outras ficam abertas pra sempre...

domingo, 17 de junho de 2012

A estagiária

Ela fazia estágio duas vezes por semana em uma instituição filantrópica em uma cidade vizinha. Odiava aquele estágio, por vezes ia chorando dentro do ônibus. Estava passando por dias realmente ruins. Talvez a instituição do estágio, a supervisora e o estágio em si, provavelmente fossem ótimos. Ela é que estava inventando um monte de cruzes para carregar...

Um dia olhou pela janela num ponto em que muitos desciam para uma conexão e viu um sujeito parado. Gostou dos olhos dele, lembrou na hora dos famosos "olhos de ressaca" que Capitu tinha em Dom Casmurro, do Machado de Assis. Ele tinha aquele olhar perdido, meio sonolento, que aparentava calma mesmo na hora de um aperto. O ônibus seguiu seu trajeto e seus pensamentos voltaram à depressão de voltar àquela instituição sem ter a menor noção do que deveria fazer. 

Passados dois dias voltou a pegar o ônibus e percebeu que o sujeito estava lá dentro! Ele pegava o mesmo ônibus, mas descia antes dela. Ele estava sempre sério, às vezes com fones no ouvido, às vezes lendo alguma coisa... Nunca olhando para os lados. Nunca olhando para as pessoas, muito menos para ela.

Um dia ele desceu e ela se distraiu a olhá-lo. Ele percebeu, pois a olhou de fora com expressão um pouco desconfortável. Ela mais do que depressa desviou o olhar e procurou ser mais discreta. Não, aquilo nem de longe era uma paquera, tanto que sua principal preocupação era que ele nunca percebesse seus olhares.

Estava gostando de passar aqueles minutos, que outrora passavam dolorosamente, a imaginar o que ele estaria lendo, o que ouvia e no que pensava enquanto olhava demoradamente pela janela.

Ele era um homem alto e aparentemente sério. Não era o tipo de homem que ela gostava, todavia quando ele estava com a barba por fazer ela se demorava mais ao olhá-lo, ela gostava da barba. E assim ela foi desde abril até meados de setembro, todas as manhãs olhando-o e sempre cuidando para que ele não percebesse.

Próximo ao fim de setembro se deu conta de que o estágio estava acabando. E consequentemente, as viagens pela manhã estavam acabando. Ela não voltaria a ver aquele sujeito alto e sério, que sempre ouvia músicas que ela não sabia quais eram e lia coisas que ela não sabia se comoviam alguém. Ela não gostou da ideia de ter passado quase seis meses observando uma criatura para depois nunca mais vê-la. Resolveu que algo deveria ser feito, então contou a situação aos seus amigos. 

Foi uma agitação só. É claro que seus argumentos de que não era mais do que curiosidade não convenceu as suas amigas, que ficaram eufóricas com a história. Uma delas, que parecia ser um pouco mais sensato, fingiu que entendeu seus argumentos, do mesmo jeito que sempre havia fingido ser um pouco mais sensata.

Pensaram juntas em algo que ela deveria fazer. 
- Devo dizer "bom dia?" 
- Nem pensar. - disse a amiga.
- Sentar-se ao lado dele? 
- Não, não é uma pressão física, moral e psicológica.
- Fingir uma convulsão e se jogar em espasmos sobre seu colo? 
- Hum... não, não. Melhor não.
- Assim fica difícil...

Passaram mais de uma noite pensando. O tempo estava passando e, em breve, ela não o veria mais. Até que a amiga, que fingia ser sensata e fingiu entender a inocência dos motivos dela, teve uma brilhante ideia: Antes do Amanhecer. É aquele filme, dos dois jovenzinhos românticos que viajam de trem e se apaixonam e têm até o amanhecer do dia para ficarem juntos. Era só isso. A ideia constituía-se em entregar o filme para cara. Simples assim, sem bom dia nem sentar-se ao lado dele nem convulsão. A amiga fez uma cópia do filme.

No último dia de estágio ela escreveu seu e-mail na contra capa e foi para sua última viagem decidida a falar com o tal sujeito sério. Sabe-se lá o que havia acontecido naquele dia, mas o fato é que não havia ninguém sentado ao lado dele, nem na frente dele, nem atrás dele... Ela se encolheu num banco à frente. Abriu um livro. Fingiu ler, mas era incapaz. Naquele momento seu coração já havia percorrido todo seu esôfago e estava chegando feliz da vida na garganta. 

Antes que o sujeito descesse do ônibus e seu coração se atirasse de sua boca, se virou e tentou um sorriso torto. Falou meia-dúzia de palavras que não faz a mínima ideia do que seja e entregou o filme a ele. Ele agradeceu (ela não gostou da voz dele) e sorriu (um sorriso que a assustou pois nunca havia imaginado como seria seu rosto quando sorria). Despediu-se, desceu do ônibus e ela ficou ali.

No que deu tudo isso? Em nada. Eu sei que é frustrante. Mas ela é só uma estagiária. 

Eles chegaram a trocar alguns e-mails a partir de novembro, quando abriu sua caixa de mensagens e leu o e-mail educado de um sujeito de nome estranho que dizia ser o cara do ônibus. Ficou sem graça, com um sorriso no rosto, pois havia imaginado todos os nomes do mundo para o sujeito sério, menos aquele composto arrebatador. Que lindo é seu nome... Gostaria de poder contar, mas seria expor o rapaz e seu código de ética não permite isso.

Até hoje ela guarda com todo sigilo como ele se sentiu ao receber aquele filme ótimo de uma desconhecida dentro de um ônibus. Não se sabe se ele disse em algum e-mail o que achou do filme, mas os dois nunca mais se viram.

Ela sempre se lembra dele quando entra num ônibus, e às vezes até olha a sua volta esperando vê-lo lendo um livro ou com fones de ouvido... Se o visse iria sorrir de verdade dessa vez, pois ficaria verdadeiramente feliz por encontrá-lo. Deve ser uma pessoa interessante, apesar de sério.

A estagiária aprendeu a delícia que é sentir seu coração percorrendo todo seu esôfago e o desespero de ter que agir antes que ele alcance a garganta e salte feliz da vida pela boca. Estagiários existem pra aprender...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Poliamor


Ouvimos falar de poliamor já há algum tempo, tentei de uma forma muito iniciante tratar dele na história do Levi, da Julia e da Sofia, mesmo sem saber exatamente do que se trata.  Outro exemplo é o seriado de sucesso que a Rede Globo passou, chamado Aline. Lá o relacionamento era composto por uma moça e dois rapazes que moravam harmoniosamente juntos. Na prática, na vida real, no dia a dia pra valer, você encararia uma situação assim? 

Poliamor é uma forma de amor que, ao meu ver, somente pessoas evoluídas, desapegadas e afins são capazes de ter. É uma forma de amor, em que se pode amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, é uma relação mais profunda onde envolve sentimentos e consentimento entre todas as partes envolvidas. Não se trata de procurar obsessivamente novas relações pelo fato de ter essa possibilidade sempre em aberto, mas sim de viver naturalmente tendo essa liberdade em mente. A ideia principal é admitir essa variedade de sentimentos que se desenvolvem em relação a várias pessoas, e que vão para além da mera relação sexual.

Eu queria muito ser evoluída e desapegada pra chegar a esse ponto, dividir alguém, não ter esse sentimento de posse, essa relação de detentor do amor, mas não é simples, todavia não acho que seja impossível. Quem nunca gostou de 2 ao mesmo tempo? O amor tem formas diferentes, algumas vezes se ama mais de uma pessoa, os relacionamentos regidos pelo tradicionalismo conservador são regados por egoísmo, possessividade e ciúme.

Nos acostumamos com o usual e olhamos feio para o diferente. Já tentei conversar sobre isso com várias amigas e elas sempre chegam na mesma fala: "Essa modernidade não dá pra mim."  Mas por que não? Um relacionamento que funciona de verdade, não é aquele no qual as pessoas envolvidas estão felizes? Então quem disse que a monogamia é modelo de felicidade?

terça-feira, 12 de junho de 2012

Love Sucks



Imagino que assim como eu, você que é solteiro, não é a pessoa mais feliz do mundo no dia dos namorados. Como qualquer data comercial, o Dia dos Namorados também é um dia cretino. Aliás, talvez a mais cretina de todas as datas em que você é forçado a comprar um presente. 
Acredito que de um modo geral, só os apaixonados e os lojistas gostem dessa data. 

Doze de junho é um dia chato pra caralho, as pessoas ficam querendo provar que amam seus parceiros, através de exibições públicas, porque o sentimento só verdadeiro se todos os habitantes do planeta ficam sabendo. Então, esses apaixonados (ridículos) enviam flores, enchem as redes sociais de declarações e no fim do dia, trocam presentes, sempre esperando mais ser satisfeito do que satisfazer, porque antes de apaixonados eles são humanos e sendo humanos, são filhos da puta. 

E a culpa de nos sentirmos tocados por essa data vem dos apelos comercias. Você liga a TV e vê propagandas emocionantes de perfumes com casais perfeitos protagonizando cenas tenras de romance barato; abre o jornal e se depara com um ensaio sensual de lingerie com os dizeres do tipo "neste Dia dos Namorados abuse de sua sensualidade". Porra! A interpelação midiática chega a ser covarde! Por isso, mesmo que você não namore ou coisa do tipo, você acaba sendo obrigado a viver a data da mesma maneira. 
Vocês deve tá pensando: "Nossa, como a Jéssica é mal-amada!". É talvez eu seja mesmo, talvez isso se dê pelo fato de eu não ter comemorado um dia dos namorados descente e/ou talvez por essa ausência de babaquice, digo, de paixão, é por isso que eu vejo esse dia como algo extremamente trivial e catalogado na classe A da encheção de saco. 

Pior que não são só os apaixonados que torram sua paciência nesse dia, mas os solteiros e suas tias chatas também, então, vamos citá-los um a um.

Como já me queixei, não dá pra ficar na internet no dia dos namorados. Ou você tem que aturar fotos, declarações manjadas de amor ou tem que aturar os solteiros, que estão na maior fossa por estar sozinhos mais este dia. Então, disputando espaço com quem ama mais, lá está a pessoa que se aluga pro dia dos namorados, que tira foto sozinho pra deixar claro pra todos que está ali, em mais um ano, encalhado, chorando por não estar jantando com alguém em plena terça-feira. 

É nesse momento que você resolve sair da internet e sentar no sofá da sala, pra ver se esse dia te deixa de vez. Chega a pessoa que você menos quer encontrar neste dia. Não, não é o seu ex, é a sua tia, aquela chata que sempre tem o mesmo repertório na ponta da língua: "Cadê os namorados? Você já está namorando? Não acha que já está na hora?". Cara, só eu que tenho vontade de sumir quando tenho que responder perguntas desse nível? 

A pessoa tá cagando pra sua vida, não tá nem aí se você tá bem, mal, saudável ou pra morrer, ela quer saber se você tá namorando, se tem alguém ou se você é a mais forte candidata para assumir o papel dela de tia chata. 

Sei que falta só um minuto pra esse dia acabar e tudo voltar a ser normal: você solteiro e feliz (talvez até reproduzindo aquele discurso tão ridículo quanto os dos namorados: “Solteiro sim, sozinho nunca!”), pessoas se amando e a vida caminhando. Contudo, esse dia não acaba hoje. "Como assim?!" É amigos, a tortura deve continuar, afinal, quem namora tem que se gabar e contar o que fez no dia dos namorados. 

Então, segue algumas dicas para você sobreviver também à amanhã: 

1. Reúna os amigos solteiros e vão à algum bar, bares costumam ter um acelerador agradável de tempo. 

2. Afaste-se dos seus amigos melosos. 

3. Evite ver comédias românticas e tomar sorvete debaixo das cobertas, pelo menos até quinta, só pra afastar (de si mesmo) a imagem do forever alone

Solteiro, pense bem, O Dia dos Namorados é um dia muito chato e cansativo, é você quem sai ganhando em não ter um namorado: 

1. Você não precisa gastar um dinheiro que você não tem comprando um presente; 

2. Você não vai se irritar ao procurar restaurantes que estarão lotados; 

3. Você não vai pagar o mico extremamente ridículo de ficar na fila pro motel; 

4. E o principal, você não vai ficar frustrado no final do dia, porque ninguém vai te dar um presente inútil ou ruim! 

Se ainda assim, com todas essas vantagens, você ainda está cheio de mimimi, cara, se liga, existe dia do solteiro, é dia 15 de agosto!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O que você quer saber de verdade?



Vai sem direção. Vai ser livre. A tristeza não, não resiste. Solte seus cabelos ao vento, não olhe pra trás. Ouça o barulhinho que o tempo, no seu peito, faz. Faça sua dor dançar. Atenção para escutar esse movimento que traz paz: Cada folha que cair; Cada nuvem que passar; Ouve a terra respirar pelas portas e janelas das casas. Atenção para escutar o que você quer saber de verdade.

Essa é uma das lindas canções do novo trabalho da Marisa Monte. Desconsiderando todo o meu pensamento sobre "o que é verdade?", deixo um espaço para que vocês me façam perguntas (pode usar a opção anônimo, seus marotos!)
Aguardo-os.

Sobre amor e sexo.

"Uma vez ouvi (ou devo ter lido):
“Não desperdice a palavra amor”. O pedido vinha seguido de frases que o enfatizavam. Era um pedido cansado de alguém que deva ter se ferido muito – como eu já me feri, ou você, leitor.
Não desperdiçar a palavra amor… mas como? – pensei. O ser humano é rascunho de algo que ele nunca vai ser. É só um punhado de carbono lutando pra ser um punhado de carbono melhor e a imagem idealizada do amor nos torna isso. Tem gente que nunca encontrou e tem gente que acha que encontrou e está feliz assim.
Já o sexo… o grande vilão. É ele quem assume a culpa quando o amor não existiu. “Era só sexo?” – dizem as moças desconsoladas. “Era só sexo” – afirmam os garanhões que não têm coragem. O sexo tem cheiro de de menta, para encobrir o cheiro dos órgãos. E de morango, e de chocolate e de rosas… O sexo é o laranja do amor. Ele assume as consequências e protege o coração. É-SÓ-SEXO tem sido a frase mais ouvida nas grandes metrópoles. As pessoas estão cansadas de se ferir e ferir alguém e fazem SÓ-SEXO.
Desculpem-me os chorosos e decepcionados, os amargurados, os desacreditados, os de coração ferido e os frios. Mas devo me meter e dar meu bedelho: não desistam do amor e não desistam do sexo. Não são eles que os tornam vivos, mas a procura incessante de sua melhora. O amor constrói e o sexo mantém.
Não sofram, ou sofram um pouquinho sim. Porque no fim das contas, meus amigos, o coração é só mais uma parte do corpo, assim como uma boceta ou um pau. Lavou tá novo."
Leila Germano

sábado, 26 de maio de 2012

Nada contra


"Não tenho nada contra homofóbicos. Eu, inclusive, tenho muitos amigos que são. O problema é que tem uns homofóbicos escandalosos, que não conseguem ser discretos. Ficam dando pinta que não gostam de gay, sabe? Tudo bem ser uma pessoa rancorosa e preconceituosa, mas não em público. Entre quatro paredes e bem longe de mim, tudo bem. Nada contra mesmo.
É impressionante o quanto eles se acham no direito de ficar com pouca vergonha na frente de todo mundo. Outro dia ouvi um cara dizer, em plena luz do dia e para quem quisesse ouvir, que “gay é abusado, mexe com homem na rua mais do que homem mexe com mulher”. Acredita? Mas já vi e ouvi coisas piores. “Tenho nojo de homem se pegando” ou “essas menininhas que se beijam não são bissexuais coisa nenhuma, só querem chamar atenção dos homens” ou ainda “te sento a vara, moleque baitola”, e por aí vai. E se alguém critica, logo apelam para “ah, foi só uma piada” ou “é a minha liberdade de expressão” ou ainda “está na Bíblia”. O horror, o horror.


Ser homofóbico é uma opção, mas ninguém tem a obrigação de aceitar, né. É muito constrangedor ver alguém olhando feio para duas pessoas do mesmo sexo se beijando. Como eu vou explicar para os meus filhos que existe gente intolerante? O pior é que nem na escola as crianças estão a salvo. Querem ensinar nossos filhos a serem homofóbicos, imagina! Quando você percebe, já é tarde demais: uma amiga minha foi chamada pela diretora porque o filho foi pego espancando um colega no intervalo. Tudo porque o rapaz era gay. Minha amiga, coitada, não aguentou a decepção de ter um filho homofóbico. Ela diz que é só uma fase, que vai passar. Por garantia, levou o menino no psicólogo.
Acredite, homofobia tem cura. Soube de uns casos de conversão que parecem até milagre. Em um dia, a pessoa estava lá, odiando gays, militando contra o direito dos homossexuais ao casamento civil, fazendo marcha pela família e tudo o mais. Mas com um pouquinho de empatia e bom senso, eles começaram a ver que não tinham nada que se meter com a sexualidade dos outros. E como o respeito é todo-poderoso e misericordioso, os ex-homofóbicos viram que os gays eram boas pessoas e também mereciam os mesmos direitos. Hoje dão testemunho de tolerância.


Agora, tão preocupante quanto homofóbicos exibidos e sem-vergonha são aqueles que não se assumem. Aqueles que não saem do armário, que se fazem de pessoas normais e sem ódio no coração, mas que, no fundo, no fundo, também são fiscais de cu alheio. Pensa comigo: você sai com uma pessoa dessas, sem saber da opção de ignorância dela, e começam a pensar que você também é homofóbico, igual a ela. E todos sabemos que homofóbicos são abominações, ninguém quer ser confundido com um deles. Além disso, onde enfiar a cara quando eles resolverem se revelar e soltarem um “odeio viado” assim, do nada?

Oh você é contra os direitos do casamento entre homossexuais? Conte-me mais sobre como as escolhas deles afetam diretamente a sua vida.
Mas não me leve a mal. Não tenho nada contra os homofóbicos, apenas não concordo com a homofobia. Essa doença quase sempre vem acompanhada de outros preconceitos, como o machismo e o racismo. É um caminho sem volta. Fico triste de ver tantos jovens se perdendo nesse mundão de ódio gratuito. É por essas e outras que prefiro ter um filho gay a um filho homofóbico. Ah, você quer saber se eu vou aceitar e amar um filho que virar homofóbico? Como alguém já disse por aí, eles não vão correr esse risco; vão ser muito bem educados."

Aline Valek

sábado, 19 de maio de 2012

jornalistas x historiadores

Desde a 6ª série eu sonho em casar com um jornalista. Eu queria ser jornalista e também queria casar com um. Não, minha intenção não era reproduzir o casal "Bonner e Fátima", eu só queria viver com alguém que não tivesse uma rotina, como eu imaginava que um jornalista não tinha e principalmente, queria casar com alguém que realmente escrevesse bem.
Hoje, não tenho mais a pretensão de fazer jornalismo e também não faço questão de casar com um deles, afinal, não precisa ser jornalista pra escrever bem, muito pelo contrário, muitos deles não sabem nem o que pensam, quanto mais o que escreve.
Ainda assim, passeando pela A Devida Comédia encontrei 40 razões pra casar com um deles.
Vamos ver se vale tão apena assim:


40 razões para se casar com o jornalista


1.Jornalista geralmente é criativo, ele vai surpreender você quando menos esperar;
2.São curiosos e antenados, você sempre ficará por dentro de tudo que acontece;
3.Eles não ganham bem, mas isso é bom porque vocês podem aprender a economizar dinheiro;
4.No Natal, Ano Novo, Carnaval… eles provavelmente estarão na redação. Mas, pense pelo lado positivo: antes trabalhando do que vagabundando;
5.E outra! Trabalhando muito, eles não têm tempo de se interessar por outra pessoa;
6.Eles não são bons de matemática, mal sabem somar e subtrair; mas, para que saber isso se são os mestres da escrita?;
7.Acostumados com pautas, são bem organizados e planejam bem as coisas antes de fazê-las;
8.Como é fissurado por fontes, quando você tiver uma ótima ideia, ele não vai dizer aos amigos que foi coisa da cabeça dele. Dará todas as honras para você!;
9.Como vivem numa rotina corrida, não tem muito tempo para opinar nas coisas da casa. O que você fizer, ele vai achar lindo;
10.Tudo é um grande brainstorm (tempestade de ideias). Monotonia não vai entrar na sua casa!;
11.Quando vocês brigarem, ele não vai achar que a opinião dele é a melhor. Tem que ouvir todos os lados de um fato, ele saberá analisar a situação!;
12.Em coberturas de grandes eventos, você poderá entrar de gaiata. Cada final de semana em um lugar diferente: jogos de futebol, avenida de escola de samba, lançamento de livros…;
13.Mantêm revistas e jornais no banheiro. Você nunca ficará olhando para o vácuo enquanto faz suas necessidades fisiológicas. Ganhará conhecimento!;
14.Idolatram pessoas totalmente desconhecidas (o seu Zé, a Dona Maria, o Juquinha…) Todos com ótimas histórias de vida que vocês podem usar no cotidiano também para se tornarem pessoas melhores!;
15.Não vai faltar café na sua casa. Café e jornalista são praticamente sinônimos;
16.Ele pode escrever os votos matrimoniais da sua irmã, criar o conteúdo do site de negócios do seu pai, ensinar sua mãe a tirar fotos das amigas nos eventos do bairro. Ele aprende de tudo um pouco e gosta de compartilhar!;
17. Tudo para o jornalista tem uma explicação. Eles nunca vão se contentar com a primeira versão de um fato. Você sempre terá uma resposta, mesmo que demore;
18.São ótimos investigadores. Se alguém no trabalho passar a perna em você, rapidinho ele descobre quem é!;
19.Como trabalham muito, não tem tempo para beber demais, fumar, se envolver com drogas… Você terá um companheiro saudável!;
20.Tá bom, vai… eles não costumam comer coisas muito saudáveis. Mas se você for legal e fizer comida para ele levar ao trabalho, isso se resolve rapidinho, não é? =);
21.Suas viagens nunca serão monótonas! Se acontecer qualquer movimento estranho, ele vai logo querer saber o que é e infiltrará você junto para desvendar o problema;
22.Amam roupas leves e simples no dia a dia. Você não vai gastar muito dinheiro com isso;
23.Mas também sabem se arrumar bonitinhos para os eventos. Você terá um parceiro que sabe ser simples, mas também sabe arrasar. Tudo vai depender da ocasião;
24.A agenda é o seu melhor amigo. Mas, não fique com ciúmes! Pense pelo lado positivo, nunca vai esquecer nenhuma data importante, porque tudo fica rigorosamente descrito lá;
25.Eles não ficam irritados com “nãos”, afinal, estão acostumados com assessorias de imprensa que não querem divulgar os bafões. Você não terá um companheiro irritado, mas, em compensação ele não vai desistir até conseguir o que quer. Mas só de não ser grosso já vale, não é!?;
26.Como são antenados, também sempre ficam sabendo das novidades tecnológicas primeiro. Às vezes, até ganham de presente para testar a ferramenta. Você terá tudo em primeira mão na sua casa;
27.Eles não se importam com calor, chuva, trovões… afinal, precisam estar onde a notícia está! Você poderá ir na praia com 50 graus tranquila ou aquela viagem dos sonhos pode se tornar um pesadelo no caos de São Paulo que ele não vai blasfemar. Ainda vai dar risada da situação;
28.Acham que podem salvar o mundo com uma matéria. Olha que sensibilidade!;
29.Eles sempre sabem tudo todo o tempo;
30.Gostam de música para acalmar;
31.Leem livros raros, histórias para crianças e semiótica… Seus filhos serão super dotados se depender dele;
32.Sua vida social é infinitamente grande. Você nunca poderá reclamar que não conhece gente nova;
33.Eles estão acostumados com coisas chatas e sabem contorná-las muito bem. O casamento nunca vai virar algo monótono;
34.Eles gostam de camisas com estampas de alguma brincadeira sobre algo atual. Suas amigas vão ficar com inveja do seu companheiro inteligente;
35.Eles sempre têm uma opinião sobre qualquer coisa na face da Terra. Durante uma conversa entre amigos, vocês nunca ficarão apagados;
36. A maioria gosta de virar psicólogo, técnico de futebol e médico às vezes. Você terá um companheiro mil e uma utilidades;
37.Por causa da profissão, são forçados a aprender mais de um idioma. Você vai ouvir “Eu te amo” em, pelo menos, umas três línguas diferentes;
38.A primeira coisa que seu filho vai aprender é que a informação é a alma do negócio. Com dois anos, sua fofurinha vai saber o que é aquecimento global, mercado financeiro e já saberá criticar políticos;
39.Gostam de mudar de cidade, estado e até de país. Você conhecerá muitos lugares!;
40.Assistem documentários e vão a museus o tempo todo, não importa o que seja. Ô cultura!

É acho que só quinze destas quarentas valeriam mesmo a pena. Então, não sabendo com quem me casar, passeio pelo I TRY BUT YOU SEE, IT'S HARD TO e recebo a seguinte proposta:

12 Motivos para casar com um Historiador

1. Nunca vai faltar assunto: Historiador sempre tem uma história pra contar, é legal quando você tem um “figura” do seu lado que tem a cabeça ampla pra as mais diferentes conversas, assuntos, papos, e uma opinião formada mesmo daquilo, ele nunca terá problemas em ser “social” mesmo que seja tímido, tem papo pra tudo. 
2. Ele dificilmente irá julgar sua família, amigos, etc: Estudam todo tipo de civilizações e forma de viver dos seres humanos, então é mais fácil que ele se surpreenda com eventos naturais óbvios do que com os “complexos” seres humanos, pra estudar todo tipo de forma de vida de um ser humano é necessário tentar compreender aquele estilo de vida. Também jamais irá julgar você pela aparência, ainda mais se ele for fã da teoria da sociedade da imagem. Então, por consequência quebram preconceitos, se você namora um historiador fica tranquilo quanto a aquele primo anti-cristo, aquele amigo esquisito, normalmente nunca será julgado, agora quanto a parte de tirar sarro, nada é garantido.
3. Todo tipo de regra imposta o historiador normalmente não dá a mínima: Então se sua preocupação era quanto a onde vai ser o casamento, se você foi “crismada” ou não, que seja, pro historiador é o de menos, ele se importa com tudo menos com os esteriótipos, isso se ele não tiver uma alergia a catolicismo, então naturalmente o importante é que a união dê certo, então ele fará de tudo para que a união mesmo dê certo e dificilmente irá se importar com o preconceito do povo.
4. Se você acredita em outras vidas, o historiador já está pagando sua dívida: Porque provavelmente ele é professor, então todos os atos ruins da vida passada provavelmente ele já está resgatando como uma boa pessoa.
5. Você será trocado, mas fique tranquilo: Será no máximo por um livro do Karl Marx ou do Max Weber.
6. No natal, aniversário, dia dos namorados, etc, você não terá problemas em presenteá-lo: Você sabe que se você der aquele livro que ele tava querendo DAQUELE AUTOR que ele adora provavelmente ele vai ter orgasmos múltiplos de felicidade. Ou então dê uma estatuazinha do deus Osíris, ou de Afrodite, qualquer coisa relacionada a mitologia que vai ter um ar de “uma pessoa que ama história mora por aqui” também é legal.
7. Ele tem pose de nerd mas isso não quer dizer que seja um: E principalmente não quer dizer que ele seja certinho, quanto mais se estuda a humanidade menos afim de ser correto nos padrões da sociedade você fica, ele pode ser um capeta, mas tem aquela cara de pessoa certinha e esforçada, o que te poupa explicações, e ele sabe muito bem o que é ridículo pra sociedade e vai te poupar de certas vergonhas alheias.
8. Até os programas de índio vão ser interessantes pra ele: Nada mais legal do que sentir na pele o que é ser uma sociedade livre do estado, sem regras, sem leis, sem nada.
10. Não sabe em quem votar na eleição, pede um palpite pra ele!: Só não espere que ele vá sugerir que você vote em partido de direita, aliás se você votar em partido de direita será um motivo pra união ser questionada.
11. Ele pode parecer revoltado, anarquista, socialista, mas no fundo ele só quer o bem de todos: Então você jamais estará do lado de uma pessoa individualista, pois como estudante de humanas ele sempre pensará no todo e não somente nele mesmo.
12. Quanto mais você estuda, mais medo de falar bobagem você tem: Então pode contar com ele na hora de jogar na roda aquele assunto difícil, aquela lavação de roupa suja, normalmente ele vai ser bem cauteloso com as palavras, a não ser que você tenha testado demais o santo dele, ai eu já não garanto afinal, fazer história não é como fazer letras não é minha gente?

Será que algum deles vale mesmo a pena, ou a gente tem que se render a maldição de Mary Richmond, que assombra o Serviço Social?

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Quando a vida nos obriga a mudar

O escritor desse texto é tímido e bobo demais para revelar sua identidade, na verdade, aposto que ele acha sedutor ser um enigma. Ainda assim, vou respeitar o seu pedido de não ser identificado, só por ter sido corajoso em enfrentar meu desafio e principalmente, porque ele é um dos meus escritores favoritos.

"Eu como leitor assíduo do blog da minha grande amiga Jéssica Maria B, gostaria de escrever sobre um tema em que, muitas vezes, não paramos para refletir a respeito, apenas sentimos seu efeito em nossas trajetórias pessoais, trata-se da inconstância de vida. Muitas vezes tendemos a pensar que a “nossa estabilidade” e que o “nosso mundo” vão sempre continuar da mesma forma: família, trabalho, relacionamentos, amigos, faculdade e etc.

No entanto existem situações que literalmente “nos fazem perder o chão”, que nos levam do céu ao inferno ou do inferno ao céu em poucos segundos, são nesses momentos que necessitamos demonstrar coragem para enfrentar os novos desafios. Pode ser um novo amor, a perda de um ente querido, uma promoção no emprego ou algum drama existencial, o importante é sabermos que viver é um exercício de dinamismo, que o mundo e, consequentemente, nossas opções se transformam a cada instante.


Da mesma forma que a vida tem a característica da transitoriedade, ou seja, viver é processual - e que ora estamos em harmonia com tudo e com todos e ora nos vemos inebriados pelo caos -, acredito que no íntimo de cada pessoa, estamos a todo o momento revendo conceitos, mudando de atitudes ou reafirmando convicções. A característica que eu mais gosto de observar nas pessoas é a capacidade que alguns têm de se reinventar, de se transformar, “de mudar para continuar o mesmo”. Algumas mudanças acontecem aos poucos, são imperceptíveis, enquanto outras transformações são abruptas, facilmente identificáveis, condicionadas por experiências vividas. 

Então acho que é isso: “o mundo muda quando você muda” e “você muda quando o mundo muda”. Nem sempre estamos preparados para descobrir que a nossa fortaleza de concreto é na verdade um teto de vidro, mas são nestas situações, que paramos, pensamos, assimilamos o golpe e seguimos em frente. Porque a mudança nem sempre é planejada e nem sempre é agradável, entretanto mudar torna-nos mais fortes e, em muitos casos, melhores. Viver é dialético, continuamos os mesmos, mas de maneira diferente. Por fim a cada mudança, em cada transformação, seja ela boa ou má, carregamos as cicatrizes de uma batalha vencida e a esperança em tempos melhores."

Você, que se sentiu convidado a escrever aqui, sinta-se à vontade, entra em contato comigo e na próxima sexta pode ser o seu texto na tag escritores. Vem experimentar o outro lado, vem ser além do leitor, vem ser a mudança!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Nosso problema é que sentimos saudades demais

Tenho a mesma dúvida que o Millôr Fernandes tinha: "A saudade diminuiu ou fomos nós que envelhecemos?". Estamos o tempo inteiro sentindo falta de algo, de alguém, de alguma situação. E não, isso não é ruim, mas é chato. 
Sentir saudade é como se prender a um determinado instante e perder vários outros por sentir falta daquele. E sim, também sinto saudade, e são nesses momentos que tenho a sensação que o presente não é suficiente, que sou incompleta e, sinceramente, não gosto nenhum pouco disso, pois como disse Quintana "o tempo não para, só a saudade que faz as coisas pararem no tempo" e não viemos ao mundo para ficar estagnados, viemos construir história! 
É aí que entra o lado bom da saudade, a lembrança. É através da lembrança que nossa história é resguardada e são esses bons momentos que nos trazem recordações que só nos lembram de quão bom foi o passado, mas que temos que andar pra frente. 
Sinto saudade de bons momentos que vivi. Momentos simples que eu não sabia o quanto sentiria falta depois que eles passassem, sinto falta de pessoas que dividiram bons momentos comigo, que já foram minhas amigas, que já enxugaram minhas lágrimas e até mesmo as fizeram cair. 
Contudo, talvez eu esteja sendo insensível demais, sei que tenho e consigo caminhar sem essas pessoas e sem ter de repetir esses momentos, mantendo-os apenas na lembrança. Isso pode parecer duro demais, pode ser difícil demais de ser compreendido como realmente quero passar, por se tratar de sentimentos tão íntimos e profundos. 
Mas acredito que não é possível morrer de saudades, não nós humanos. Aprendemos a lidar com ela, a não deixa-la ir, se for o caso, porque no fundo, não queremos perder as a nostalgia que nos domina o peito. Então passamos a controlar a saudade, a fazer com que ela aperte, retome lembranças, mas nos deixe seguir em frente, como bem disse o escritor Saint Michel de Montaigne "pode-se ter saudades dos tempos bons, mas não se deve fugir ao presente".

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Escritores

Às vezes eu tenho uma necessidade enorme de me expressar, de escrever, de ter algo para contar. Quando isso acontece, me pego no meio do dia pensando em como eu poderia publicar algo por aqui. Suspeito até que, ao fazer isso, estou publicando o tal pensamento na minha cabeça, e que ao escrevê-lo estaria sendo repetitiva. Então, resolvi usar da metalinguagem para escrever esse post.

Acho que a escrita serve para que você possa se sentir mais à vontade. Muitas vezes não conseguimos nos expressar verbalmente, nesses casos, só nos resta optar pela escrita. Uma carta, um e-mail, uma publicação, uma pichação, um recado... Existem muitas formas de colocar para fora uma palavra que poderia sair torta de nossas bocas.

Eu gosto de escrever, já disse isso por aqui em outras chances. Quando o faço me sinto mais leve, mais sincera, mais intensa, mais Jéssica. Gosto de escrever sobre diversas coisas, mas sou melhor quando escrevo sobre algo que faz parte da minha vivência. Gosto mesmo é de contar minhas histórias, de expor minha vida através de histórias fictícias e de me declarar a personagens imaginários que são frutos de desejos mais reais possíveis.

Uma vez, um amigo me disse que preferia quando eu contava da minha vida no blog, ao invés de escrever drops de hortelã. Mal sabia ele que essas histórias começaram como fruto de uma relação real e muitas outras leituras e questionamentos reais. Outra amiga me disse que gostava das histórias porque se identificava com os personagens, ou ainda, desejava que eles fossem reais. Eu espero realmente que eles não sejam, porque eu me acho em cada um deles, mas também me perco.

Queria que vocês também pudessem me escrever, então, estou abrindo um espaço e resolvi lançar um desafio a mim, ao blog e aos meus amigos. Quinzenalmente às sexta-feira eu vou publicar algo que algum dos meus amigos escreveu, de preferência especialmente para esse blog, mas não obrigatoriamente. Serão textos livres e eles poderão falar de qualquer coisa, sobre si, sobre os outros, sobre a vida, de forma real ou fictícia, ganhando a tag escritores. Espero mesmo que funcione, porque quero muito descobrir o escritor que existe dentro de cada um deles, e quem sabe, fazer nascer seu próprio blog e despertar em mim o desejo de escrever mais e mais.

Aguardo ansiosamente conseguir cooptar alguém para nos fazer mais felizes por aqui. Escrevam-me.

Com amor,

Jéssica.

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