Quem me conhece sabe que todos os anos eu tenho uma agenda, onde costumo tentar organizar minha vida e documentar acontecimentos. Em 2014, para além da minha agenda, eu tive um CADERNO DE SONHOS E UTOPIAS, onde durante todo o ano eu listei desejos e tentei me lembrar de realizá-los, seja a longo ou curto prazo. A lista, com elementos repetidos, já que os desejos se repetiam, assim como as ansiedades, tem 316 itens. Resolvi dividir com vocês os 130 mais importantes, para ver se sonhando coletivamente a gente consegue realizar.
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
- Que as pessoas soubessem o que é feminismo e entendessem que não há uma analogia com o machismo.
- Confiar na fidelidade das pessoas.
- Não me importar tanto com o que "dizem" ou "deixam de dizer" as redes sociais.
- Viajar mais.
- Me importar menos com o que as pessoas acham. Viver menos de impressão.
- Me envolver cada vez menos com machistas.
- Ajudar as pessoas a entenderem que por mais que o machismo esteja enraizado na sociedade ele não é normal e nem é a única alternativa.
- Que o sexo/sexualidade seja visto como algo normal e não como um tabu.
- Que eu não me culpe/condene, por tudo que acho que vai errado, que eu perceba minha parcela de responsabilidade, mas que eu entenda que se as coisas dão/vão errado não é só minha incumbência, pois em uma relação a construção é feita a partir de trocas realizadas entre dois sujeitos envolvidos.
- Para de mexer nas coisas alheias: ler coisas sem permissão, fuçar o indevido... isso só faz mal pra mim e desrespeita a pessoas que eu gosto.
- Gozar mais.
- Rezar mais.
- Não "perder vida" com sofrimentos e angústias.
- Não me sentir idiota, trouxa, burra, por acreditar.
- Saber que ninguém morre de amor, mas que a gente não precise tá testando essa teoria.
- Não querer ir embora/desistir quando as coisas ficarem ruins. Escolher ficar/resolver.
- Não esquecer de se colocar no lugar de outro.
- Dar amor na mesma proporção que quero receber e não necessariamente que recebo.
- Tirar fotos nua e ser feliz com a imagem do meu corpo.
- Não reproduzir o machismo.
- Amar minha mãe e meu pai, mas não porque eles são meus pais, mas porque eles me amam, então eu devo reparar mais neles.
- Eu posso ser feliz se eu não casar e nem tiver filhos. Eu não sou egoísta por isso, eu só escolhi.
- Eu posso casar, ter filhos e ser feliz. Casamentos podem dar certo também.
- Parar de machucar. Não usar isso como escudo para não ser machucada.
- Ser menos pelega e menos militante só de internet.
- Ter uma banheira.
- Me permitir viver as experiências sexuais que tenho vontade. Sem barreiras, moralismo ou tabus.
- Romper preconceitos. Dar chance às pessoas, ao desconhecido, ao que não me agrada de primeiro.
- Procurar ver o lado positivo das pessoas.
- Não ter medo de fazer planos.
- Fazer uma tatuagem.
- Me identificar com alguma atividade física e encontrar prazer em realiza-la.
- Refletir mais sobre as experiências vividas durante o dia. Ter/exercer consciência.
- Ter minha própria casa onde parentes sejam visitas.
- Fazer o melhor que eu posso a cada dia.
- Entender que as pessoas procuram maneiras diferentes de lidar com o sofrimento. Por mais que não faça sentido pra mim, eu tenho que respeitar isso.
- Ser menos crítica comigo mesma, me aceitar como eu sou.
- Ser menos egoísta, encontrar o equilíbrio entre pensar no outro e reconhecer minhas próprias necessidades.
- Fazer as coisas até o fim, parar de desistir de tudo.
- Não ter vergonha de estar apaixonada e de querer me declarar a cada meio minuto, afinal ninguém sabe o dia de amanhã.
- Não depender financeiramente de ninguém.
- Ser mais racional e menos impulsiva.
- Não ter vergonha de me importar com pequenas coisas (isso não vai me fazer mais fraca), mas não dar importância demais a elas. Saber encontrar o ponto.
- Entender que a amizade nunca permanece a mesma, que às vezes, o que nos uniu já não existe mais, que o tempo e as novas experiências transformam a gente em pessoas com visões diferentes daquelas que um dia nos aproximou. Compreender essa dinâmica é importante, assim como distinguir quais laços merecem nosso esforço para preserva-lo.
- Não ser tão boca de sacola. Isso sempre me prejudicou ao longo da história e eu tenho que aprender com isso.
- Relevar comentários idiotas e que só atrapalham. Tem gente que não sabe se expressar e parece que está sempre fazendo um "inferno".
- Não ser orgulhosa, que só atrapalha a vida.
- Ter humildade de ensinar e de aprender.
- Não deixar que os outros ditem a forma que eu devo cuidar do meu corpo ou me arrumar.
- Ser sincera, já que eu espero sinceridade.
- Não cobrar amizade, amor, carinho de ninguém.
- Não deixar que a liberdade do outro me incomode.
- Pensar: "Como Jesus agiria?"
- Tentar entender o outro, mesmo quando eu tô puta da vida.
- Não engravidar antes de ter uma casa, um emprego e um amor.
- Escrever carta a pessoas queridas e envia-las.
- Não ser mais instável emocionalmente.
- Expressar meus sentimentos de gratidão, felicidade e satisfação.
- Perdoar todos aqueles que me ofenderam.
- Ler os meus livros.
- Não viver fingindo que os conflitos não aconteceram. Aprender a supera-los.
- Aprender a lidar com as decepções.
- Fazer orações diárias.
- Lembrar que cada pessoa marca a gente de alguma forma. Recordar principalmente das que deixam boas marcas.
- As pessoas falam ou deixam de falar por diversos motivos. Por mais que eu considere a minha forma de agir a mais certeira, é a história de cada indivíduo que explica a sua opção entre o falar e o calar, afinal, o silêncio também fala.
- Relaxar de verdade. Soltar o que me prende; desistir do que não me faz bem; não reagir a provocações; deixar passar as situações estressantes; parar de buscar respostas; desgrudar de quem faz você sofrer; distensionar situações; desobstruir vias, veias, conexões; não controlar os outros; não jogar com sentimentos; não manipular opiniões; cair; abrir mão; oferecer; não resistir; repousar; não rejeitar; entregar-se; pacificar-se; serenar; acalmar; tranquilizar; amansar; liberar... morrer.
- Não fazer as coisas só porque os outros querem, mas não deixar de fazê-las por rebeldia, fazer porque é o melhor para mim.
- Tudo bem se eu não for confiante e autossuficiente. Só não posso ser dependente e pessimista sempre.
- Me oferecer as pessoas como eu sou, porque eu me orgulho de quem eu sou. Eu não vou esconder tudo o que sou (sangue, sonhos, suor e lágrimas) para garantir que os outros se mantenham confortáveis em suas escolhas.
- Controlar a chateação que vem das expectativas que colocamos nas pessoas. As pessoas são livres para atenderem suas próprias expectativas e não estão a serviço das nossas.
- Não estamos acorrentados a nenhuma característica da nossa personalidade: insegurança, arrogância, chatice... somos LIVRES para criar novas formas de existir.
- Distinguir quais pensamentos são frutos do cotidiano, do meu mundo egoísta, cheio de projeções de perspectivas e quais são autênticos, frutos das nossas reflexões.
- Conseguir controlar meus sentimentos, afinal tenho gastrite nervosa.
- Não se enganar, não aliviar sua própria dor com desculpas ou mentiras.
- Ter menos ciúmes e não o alimentar.
- Ser proativa.
- Stalkear cada vez menos, até não stalkear mais.
- Fazer sem esperar nada em troca.
- Pensar na necessidade de falar certas coisas antes de pronuncia-las.
- Buscar estar sempre em terapia.
- Não deixar passar atos machistas quando eu estiver por perto.
- Que eu tente mudar minhas atitudes e não as dos outros, mas que eu não deixe de incentiva-los.
- Tentar entender por que eu me importo tanto com o fato das pessoas não gostarem de mim.
- Viver mais "offline" e ver isso como qualidade de vida.
- Perceber que eu não preciso estar sempre me protegendo.
- Extinguir joguinhos amorosos.
- Ter paciência com minha mãe.
- Ser mais organizada e menos procrastinadora.
- Dedicar um tempo para ficar com meus irmãos.
- Cuidar da minha saúde, não deixar isso em segundo plano.
- Ser mais presente na vida de quem eu amo.
- Não deixar a preguiça ser a protagonista da minha vida.
- Presentear-me mensalmente.
- Rir das dificuldades.
- Alimentar-me melhor.
- Arrumar meu sorriso.
- Cuidar da minha pele.
- Que eu não cometa auto boicote.
- Que eu reconheça os meus erros.
- Saber que eu posso mudar de caminho, de ideia, o quanto eu julgar necessário.
- Deixar o comodismo de lado e correr atrás de tudo o que eu quero.
- Que a gente se encontre e se perca mil vezes, para depois reencontrar.
- Chorar.
- Sorrir.
- Lamentar, porque eu tenho direito!
- Celebrar tudo de bom.
- Julgar menos.
- Ter mais fé - em Deus, na vida, em mim, no próximo.
- Enfrentar os obstáculos e dificuldades a vida.
- Entender que nem sempre se obtém êxito e que não há mal nenhum nisso.
- Ter coragem e persistência.
- Dizer não no tempo certo e não o tempo todo.
- Ter discernimento de escolher quais as batalhas que devo lutar.
- Ter um ombro amigo e ser um ombro amigo para alguém.
- Ficar perto de quem me quer e me faz bem.
- Me afastar de quem me que e me faz mal.
- Usar protetor solar.
- Beber água regularmente.
- Ter um sono de qualidade, mas não excessivo.
- Não comparar minha vida com a dos outros.
- Procurar ser uma boa pessoa na vida dos outros.
- Não me exceder com frequência.
- Não perder tempo sendo fofoqueira.
- Não ser invejosa.
- Fazer as pazes com o meu passado.
- Escolher ser feliz e não ser chateada/abusada.
- Aproveitar os momentos em família.
- Não ser corrupta/desonesta.
- Não guardar coisas que não uso/não quero. Não acumular.
- Lembrar que tudo é finito.
Que a gente não duvide do poder das listas e que a utopia seja nosso combustível na estrada de buscar por ser e sentir-se melhor.