sábado, 12 de novembro de 2011

Tô com sintomas de saudade, tô pensando em você

Eu resolvi contar uma história fictícia, faz muito tempo que só escrevo realidades, então hoje, quis usar do imaginário pra contar fatos reais imaginados :) ...


Foi uma sexta difícil. Ela estava cansada de tudo dar errado. Havia acordado atrasada para o trabalho, não escutou uma palavra das que foram professadas pelo diretor, não se deu ao menos o trabalho de entregar o relatório da atividade que fiscalizou no dia anterior e nem corrigiu os erros que a revisão evidenciou no seu artigo para o jornal do dia seguinte. Ela estava cansada. Só conseguia lembrar da noite anterior.

Diferentemente das outras vezes, em que os atos apaixonados lhe tiravam o sono e lhe distraiam durante o dia, como estava acontecendo agora, e lhe deixava com um sorriso bobo, o que não chegava nem perto da cara que expressava no momento, ela não conseguia resistir ao seus pensamentos.

Na quinta, depois de uma reunião demorada, ela e a equipe haviam feito um projeto, que se conseguisse ser efetivado, seria a melhor forma de encerrar o trabalho árduo do ano. Contudo, a efetivação não foi do jeito esperado. Apesar de aprovado, o conselho colocou uma série de pré-requisitos para que, só assim, ele fosse realmente efetivado. Apesar de uma vitória não completa, a "derrota" dela foi outra.

Em um desses corredores, onde se respira ansiedade, argumentos, jogo de cintura e persuasão, ela teve que lidar com o pior deles: a saudade. Depois de vários meses, ela encontrou ele. Ele, que a fez perder o sono, que prometeu, sem proferir palavras, algo intenso, sem esteriótipo, sensível, sincero.

Ele também não tinha tido sorte na sala de reunião. Sua proposta foi totalmente adversa a esperada pelo conselho. Ainda assim, ele estava cheio de si, confiante na sua proposta e esperançoso. Ah, aqueles olhos esperançosos, que muitas vezes tiravam o sono dela... Cruzar com ele, ali, após uma quase vitória e depois da derrota dele foi um verdadeiro desastre.

Ela precisava dele, ele só queria estar ao lado dela. Abraçá-lo, confortá-lo, mimá-lo. Ao mesmo tempo que ele desejava pegá-la no colo, deitá-la no solo e fazê-la feliz. Mas não podiam. Pois maior que a vontade que um sentia do outro, era o medo que os dois alimentavam no coração.

"Eles se amam, todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontram e que nada, nada seja por acaso."*

E assim, ela fica cheia de saudade, pois existe uma diferença entre sentir a falta e sentir saudade. Saudade é pra quem sente amor. Sentir falta é pra quem sente vazio. Só um buraco. Na verdade, ela também sentia medo de ter saudade, vai que ele só sentia falta dela...

* Parágrafo de autoria da Tati Bernardi

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