Eu resolvi contar uma história fictícia, faz muito tempo que só escrevo realidades, então hoje, quis usar do imaginário pra contar fatos reais imaginados :) ...
Foi uma sexta difícil. Ela estava cansada de tudo dar errado. Havia acordado atrasada para o trabalho, não escutou uma palavra das que foram professadas pelo diretor, não se deu ao menos o trabalho de entregar o relatório da atividade que fiscalizou no dia anterior e nem corrigiu os erros que a revisão evidenciou no seu artigo para o jornal do dia seguinte. Ela estava cansada. Só conseguia lembrar da noite anterior.
Diferentemente das outras vezes, em que os atos apaixonados lhe tiravam o sono e lhe distraiam durante o dia, como estava acontecendo agora, e lhe deixava com um sorriso bobo, o que não chegava nem perto da cara que expressava no momento, ela não conseguia resistir ao seus pensamentos.
Na quinta, depois de uma reunião demorada, ela e a equipe haviam feito um projeto, que se conseguisse ser efetivado, seria a melhor forma de encerrar o trabalho árduo do ano. Contudo, a efetivação não foi do jeito esperado. Apesar de aprovado, o conselho colocou uma série de pré-requisitos para que, só assim, ele fosse realmente efetivado. Apesar de uma vitória não completa, a "derrota" dela foi outra.
Em um desses corredores, onde se respira ansiedade, argumentos, jogo de cintura e persuasão, ela teve que lidar com o pior deles: a saudade. Depois de vários meses, ela encontrou ele. Ele, que a fez perder o sono, que prometeu, sem proferir palavras, algo intenso, sem esteriótipo, sensível, sincero.
Ele também não tinha tido sorte na sala de reunião. Sua proposta foi totalmente adversa a esperada pelo conselho. Ainda assim, ele estava cheio de si, confiante na sua proposta e esperançoso. Ah, aqueles olhos esperançosos, que muitas vezes tiravam o sono dela... Cruzar com ele, ali, após uma quase vitória e depois da derrota dele foi um verdadeiro desastre.
Ela precisava dele, ele só queria estar ao lado dela. Abraçá-lo, confortá-lo, mimá-lo. Ao mesmo tempo que ele desejava pegá-la no colo, deitá-la no solo e fazê-la feliz. Mas não podiam. Pois maior que a vontade que um sentia do outro, era o medo que os dois alimentavam no coração.
"Eles se amam, todo mundo sabe mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossivel. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é dificil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontram e que nada, nada seja por acaso."*
E assim, ela fica cheia de saudade, pois existe uma diferença entre sentir a falta e sentir saudade. Saudade é pra quem sente amor. Sentir falta é pra quem sente vazio. Só um buraco. Na verdade, ela também sentia medo de ter saudade, vai que ele só sentia falta dela...
* Parágrafo de autoria da Tati Bernardi
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