segunda-feira, 26 de março de 2012

Nem só de beijos e abraços vivem os relacionamentos

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Desde aquele almoço muita coisa aconteceu. Julia inicialmente precisou realizar algumas mudanças, primeiro no visual, porque as mulheres insistem em mudar por fora pra ver se conseguem modificar o interior, e depois o meio onde estava. Encaixotou todos os CDs dos Los Hermanos e dos Engenheiros e guardou também o tapete. Tudo que trazia Levi foi levado para o sótão, junto com as coisas que a gente não sabe se joga no lixo ou guarda, em caso de necessidade. Julia começou a sair mais com as meninas de sua sala e resolveu não aparecer tanto onde tinha o risco de encontrar com Levi. 
Enquanto isso, Levi voltou pra casa e também decidiu sair dessa situação de indecisão. Resolveu que iria agir de acordo com o seu senso de justiça, mesmo se ele fosse antiquado para Sofia ou moderno demais para Julia. Ele se sentia culpado por não ter conversado direito com Julia e por saber, através de Samuel, que ela não queria nem escutar seu nome. Resolveu então, que não pode mais viver só pra esse triângulo amoroso que é tão cheio e vazio de gente e começou querer organizar sua vida, seus pensamentos, sentimentos e ações. 
Aparentemente era só mais um sábado que passava com Sofia. Estavam vendo um filme francês na casa dela. Ela vestia sua camisa dos The Strokes e estava tão linda quanto sempre. Ele pensou que aquela conversa com certeza a desgastaria, mas não podia mais evita-la. 
- Sofia... 
- Oui mon amour. Sim, meu amor 
- A gente tem que conversar. 
- Nós estamos conversando, eu acho. - Disse ela sorrindo. 
- Sabe Sô, depois de toda aquela situação horrível com a Julia, acho que tá na hora da gente rever umas coisas entre a gente... 
- Não entendi a relação Levi. 
- Eu fiquei muito chateado com a situação que fui forçado a viver. Eu acho que se a gente tivesse desde o começo se “organizado”, eu ainda seria amigo da Julia hoje. 
- Você sente falta dela? 
- Claro, ela era uma grande amiga, não quero que fique chateada comigo. 
- Então conversa com ela... 
- Eu acho que já mencionei outras vezes que ela não quer saber de mim... 
- Ok, agora me diz o que isso tem haver com “a Sofia”? 
- Não é com “a Sofia”, é com “a Sofia e o Levi”? 
- Continuo sem entender Levi. 
- Eu acho que já passou da hora de nós termos um relacionamento sério. 
- E a gente não tem? 
- Não, a gente não tem. Eu acho que a gente tem que namorar Sofia. 
- Tão antigo sentir-se proprietário de alguém, demarcar espaços... 
- Eu não acho, acho que é muito atual. 
- Atual e condizente com a sociedade. 
- Sofia, não força... 
- Levi, não é um título que vai fazer a gente se amar mais. 
- A questão não é essa. A questão é que se nós tivéssemos namorado desde o inicio, tudo seria diferente. Eu não teria beijado a Sofia, ela não teria ficado apaixonada e ainda seríamos amigos. 
- Você acredita mesmo nisso? Ela era apaixonada por você antes disso... 
- Que seja. Mas acho que já passou da hora da gente namorar. 
- E se eu não quiser? 
- Eu vou ter que usar da “liberdade” que você me deu para te "obrigar". 
- É o que? 
- Eu tive um relacionamento aberto com você por muito tempo. Por muito tempo eu tive que aprender a lidar com muitas coisas que me foram ensinadas, aprender que ser leal não quer dizer se fiel, aprender que mesmo amando alguém você pode se interessar por outras pessoas. Agora, acho que depois de tanta troca e divisão de concepções, está mais do que na hora de você tentar aprender ou até fazer um “sacrifício” por mim e namorar comigo. 
- Você aprendeu bem pouco não é? Você não percebe que só assim, com esse relacionamento simples você já faz parte da minha vida e fará sempre, de uma forma ou de outra. 
- Percebo sim e percebo muito mais. Você é ortodoxa demais com suas escolhas. Você quer que os outros se adaptem ao seu mundo e não é capaz de fazer isso por alguém. 
- Ah, faça-me o favor! 
- Sofia, você é mais egoísta do que você pensa. 
Ela chorou. Pela primeira vez Levi a viu chorando. Sabia que suas palavras tinham sido fortes demais, mas guarda-las não seria da sinceridade que ela tanto queria e exigia dele. 
- Levi, nós somos felizes do nosso jeito, como nossas diferenças e nossos segredos... 
- Isso não é o “nosso jeito”, é o jeito que você escolheu pra gente. E ser feliz não significa que tenhamos que viver assim pra sempre. Qual é o problema em namorar, Sofia? 
- Acho desnecessário se arriscar se está tudo dando certo. Eu não quero namorar com você, de uma vez por todas! E não quero mais conversar... 
- Nem eu. 
- Não quer mais conversar ou namorar? 
- Nenhuma das duas coisas, eu acho. 
E Levi foi embora. Na segunda à noite, na aula de francês, a professora anunciou para a sala que Sofia havia passado na prova de intercâmbio e que iria para a França em um mês. Em outra situação, eles teriam saído pra comemorar, mas naquela noite não. Os dois ainda estavam surrados das palavras que haviam trocado no fim de semana.

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